quinta-feira, 13 de março de 2008

O dia em que nasci moura e pereça



O dia em que nasci moura e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar;
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
Mostre o Mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!


Luís de Camões

4 comentários:

Anônimo disse...

Algum motivo especial para tanta desdita ou é só a melancolia bela das poesias tristes e desencantadas?

Thiago disse...

é a melancolia daqueles dias em que nãose tem vontade nem de respirar,sem um motivo específico...

Anônimo disse...

É querido, esses dias parece que fazem parte de algum calendário secreto e interno. Mas eu não os odeio. Minhas melhores reflexões vieram de dias assim. É daqueles que sentem. Beijos lindonildo!

Anônimo disse...

Prefiro suas palavras, sem textos com controlC Control V. Beijos . Thiamu